Uma Comunidade de Aprendizagem

COMUNIDADE: AS CARACTERISTICAS E VALORES DE UMA COMUNIDADE DE APRENDIZAGEM

Francisco Alves da Costa Sobrinho


Uma comunidade se forma a partir de necessidades comuns, de interesses a serem satisfeitos, de metas a serem alcançadas, de objetivos a serem estabelecidos e cumpridos, com base no estabelecimento e de cumprimento de códigos expressos através de diversas manifestações e formas de linguagem.


Para existir como tal, uma comunidade materializa-se baseada em alguns pressupostos, os quais dizem respeito, normalmente, a questões que fundamentam e justificam o interesse ‘comunal’, como pode ser o caso da necessidade de moradia, local de trabalho e/ou emprego, estudos, esportes, cultura e lazer etc.


Uma comunidade se faz à base de muitas exigências cotidianas e pressupõe conhecer as formas de defesa, de ataque, onde encontrar apoios, como se estabelecer e conviver melhor, sobreviver e ser capaz da criação de laços pessoais, etc., enfim, que se deva passar por todo um período de adaptação e aprendizado, caminhando pelo novo e pelo desconhecido (em que podem ocorrer manifestações de medo, de insegurança, e sentimentos de solidão, saudade, decepção, indo e vindo nos momentos de maior ou menor tensão).

Assim, a iniciativa de formação e funcionamento de uma Comunidade de Aprendizagem, pressupõe todo um processo de sensibilização e de identificação, realizado através de mobilização e conscientização dos seus integrantes, no sentido de buscar o seu ordenamento e a estruturação das ações a serem desenvolvidas, considerando sua natureza, qualidade e legitimidade; entendendo-se que a Comunidade de Aprendizagem estrutura-se como um projeto educativo e cultural próprio, o qual deverá servir, conforme a educadora Rosa Maria Torres, “para educar a si própria, suas crianças, jovens e adultos, graças a um esforço endógeno, cooperativo e solidário baseado em um diagnóstico não apenas de suas carências, mas, sobretudo, de suas forças para superar essas carências.

segunda-feira, 9 de janeiro de 2012

A TUTORIA NA MODALIDADE A DISTANCIA E SEMIPRESENCIAL DE ENSINO

Francisco Alves da Costa Sobrinho
 
Se há uma figura nova no cenário educacional e que vem demonstrando ser de suma importância no desenvolvimento dos processos de ensino e de aprendizagem na modalidade de ensino a distancia ou, mais abrangentemente, de Educação a Distancia – EAD, esta personagem reside e se materializa no trabalho da tutoria: trata-se do tutor ou tutora educacional. 
Sabemos que a educação a distancia se caracteriza pela ausência física do professor em um ambiente formal de ensino-aprendizagem, e por possibilitar que o aluno estude autonomamente e em ambientes e horários distintos, permitindo a separação cronológica ou espacial entre o professor e o aluno, realizando-se a interligação didática (conexão entre o professor e o aluno) por meio das ferramentas disponibilizadas pelas tecnologias da informação e da comunicação (TICs), através das quais o professor pode desempenhar o seu papel, utilizando-se, de forma predominante, dos meios informacionais – virtuais – existentes: a internet, as hipermidias, e recursos de comunicação e expressão como web radio, TV, vídeo, celular, iPod, dvd e cd room etc.  
Caracterizando-se por ser expressa através do estabelecimento de uma comunicação sistêmica de múltiplas vias, a EAD se solidifica ao ampliar suas possibilidades de utilização dos meios e ferramentas oferecidas pela tecnologia, acompanhando e tirando proveito de suas constantes e rápidas mudanças, delas lançando mão para superar limites e barreiras até pouco tempo tidas como intransponíveis, sobretudo em curtos e médios prazos, diante das mudanças produtivas e sociais que vimos enfrentando nas ultimas décadas – e que teem levado a diferentes denominações, tais como sociedade pós-industrial, pós-capitalista, pós-moderna... - ganhando força crescente o reconhecimento da diversidade cultural como elemento a ser considerado na convivência humana; chamando atenção o fato de se ver o multiculturalismo como reconhecimento de que em um mesmo território existem diferenças advindas de diferentes culturas.
Refletindo diante de tais questões, Flecha (1994) destaca três perspectivas para se lidar com o multiculturalismo. O enfoque etnocêntrico, que defende a permanência de cada grupo em seu próprio território (contrário, portanto, aos movimentos migratórios), ou o acolhimento dos imigrantes, mas para inseri-los na cultura dominante. O enfoque relativista que vê qualquer forma de interculturalismo como risco para as culturas não-dominantes – não questiona, porém, as formas de dominação internas a cada cultura. Por fim, o enfoque comunicativo, defendido pelo autor e que pretende diminuir os efeitos exclusores e aumentar as condições de igual direito à diferença, na constatação de que a prática histórica da educação na escola tem sido a afirmação de uma única cultura, o que, no entanto, não seria seu destino, pois o que está posto para a escola é a construção do entendimento de que o educacional e o escolar são espaços socioculturais, necessitando resgatar-se o papel dos sujeitos (homens e mulheres, negros e brancos, professores e alunos – seres humanos concretos) na trama social que constitui o leit motiv da educação.
Neste contexto, apresenta-se à educação, enfaticamente, a necessidade como diz Gusmão (1999), de “formar para se reconhecer as diferenças e transformá-las em matéria prima de compreensão e solidariedade”, fazendo-se fundamental a disposição para o diálogo entre os profissionais da educação e a comunidade, na perspectiva da construção de um ensino de qualidade para todos, valendo lembrar o que ensina Paulo Freire (2001) sobre o diálogo para a transformação, segundo o qual a relação dialógica implica “num falar com, e não num falar por ou num falar para”, pois se trata da conquista de uma pessoa por outra, senão que é uma conquista do mundo pelos sujeitos dialógicos. E isso deve valer para todos! 
Tratando-se da Educação a Distancia, o educador Garcia Aretio (2007), chama a atenção para a mudança do papel do professor, agora, “com a possibilidade de aprendizagens mais flexíveis e o aparecimento de diferentes contextos educativos”, como é o caso da utilização cada vez mais crescente das ferramentas disponibilizadas pelas TICs, cabendo ao docente capacitar-se para transmitir informação em novos cenários (no virtual) o que não se resolve simplesmente na tentativa de transmitir informação, mas possibilita a participação ativa com a comunicação professor-aluno e aluno-aluno, mediados pela tutoria; exige e favorece interações e fornece elementos objetivos para avaliar, planejar e gerenciar, de modo que o aluno participa ativamente, de forma reflexiva e critica, da apreensão e apropriação de informações em torno de um ou mais temas e se capacita a transformá-los em conhecimentos.
Essas mudanças e a utilização em larga escala das tecnologias da informação e da comunicação, indicam um novo impulso na Educação a distancia, antes centralizada em textos e informações impressas e agora baseada em ferramentas e presenças virtuais, fazendo aparecer, através da Internet, formas alternativas de geração e disseminação do conhecimento, trazendo possibilidades quase inesgotáveis para o incremento do processo de ensino – aprendizagem,  num cenário em que há a urgente necessidade de se compreender os papéis do professor, do aluno e da escola, frente às mudanças que se impõem, sabendo-se, como diz Machado (2004), que “a educação a distância via Internet redefine substancialmente o papel do professor que agora assume posição diferenciada daquela conhecida historicamente.  
Como elemento central no processo ensino/aprendizagem, portanto, precisa ter sua função, sua prática, seu papel questionado, compreendido, estudado. Realiza-se uma reflexão sobre o professor-tutor no contexto de educação a distância online, destacando as principais diferenças entre suas atividades e aquelas atribuídas ao professor convencional”; para, desta forma, discutir os obstáculos enfrentados neste meio e as estratégias adequadas para superar a distância geográfica e temporal existente entre professor-aluno, buscando responder a questões pontuais, tais como: O tutor ensina? Em que consiste o ensino do tutor? Quais seriam seus papéis e funções? Qual a importância da tutoria no contexto do curso a distância online?"
Assim, as questões referentes a esse processo de aprendizagem passam a ser compreendidas sabendo-se que o orientador ou o tutor da aprendizagem atua como ‘animador’ e ‘mediador’, sendo aquele a quem cumpre estabelecer uma rede de comunicação e aprendizagem multidirecional, utilizando-se das ferrramentas da tecnologia da informação e da comunicação – TIC –, que possibilita diferentes meios e recursos vinculados ao sistema educacional, para cumprir funções pedagógicas no que se refere à construção da ambiência de aprendizagem, tendo o tutor-mediador a tarefa precípua de ajudar a vencer a distância física entre o professor e o aluno, trabalhando para manter a autodisciplina e a automotivação dos mesmos, superando os desafios e as dificuldades surgidas durante o processo de ensino-aprendizagem. O tutor, desta forma, é figura ímpar na definição e na construção deste tipo diferenciado de educação, realizada de forma semipresencial (o professor a distancia e o tutor em sala de aula, fazendo a mediação), como  educação a distância (sem a presença física do professor, que aparece virtualmente, mediado pela tutoria), ambas diferenciando-se da modalidade de educação presencial (curso regular, tradicional, que conta com a presença física do professor em sala de aula).

REFERENCIAS:

FLECHA, R. Las Nuevas desigualdades Educativas. FLECHA et. al, Nuevas perspectivas criticas em educación. Barcelona: Paidós, 1994.
GUSMÃO, N. M. M. Linguagem, cultura e alteridade: Imagens do outro. In: Cadernos de Pesquisa, nº. 107, p. 41-78, 1999.
Um reencontro com a Pedagogia do Oprimido. 3ª. Ed. Rio de Janeiro: paz e Terra, 1994.
ARETIO, García, L. Olhar de soslaio para as TIC. Comunicação e Educação, n º 223: 2007.
MACHADO, L. D. O papel da tutoria em ambientes de EAD. Universidade Federal do Ceará, Fortaleza: 2004.

Nenhum comentário:

Postar um comentário